tudo que eu sei sobre ela cabe aqui
, 2016
11/08 a 10/09/2016
galeria sesc, são bento do sul, sc
sesc, lages, sc
exposição via edital rede sesc de galerias


o que tenho sobre valentina, as evidências de sua existência, sua maneira de habitar o mundo, cabe em duas mãos, em um envelope, uma caixinha. guardo estas evidências como quem guarda uma pilha de velhas cartas amarradas, como um pequeno tesouro muito precioso porém sem grande valia. o que estes objetos, bilhetes, tickets, fotografias, realmente contam sobre ela?

tudo que eu sei sobre ela cabe aqui é um desdobramento do projeto valentina flores, em andamento desde 2011, que investiga por meio de exercícios fotográficos e de performance relações de identidade, alteridade, afeto e memória. estas investigações são permeadas pela exploração do conceito de fotografia performada, trazido por philip auslander e que se refere a performances que acontecem unicamente nas fotografias ou filmagens; e reverberam em uma pesquisa poética que traz procedimentos como a coleta e a classificação, e noções de arquivo e inventário.

a coleta destes bilhetes, tickets e envelopes e os exercícios fotográficos iniciaram durante dois intercâmbios acadêmicos onde realizei parte de minha formação superior em fotografia, em sevilha – espanha e em nova iorque e são francisco – estados unidos, a partir de referências como apropriações de fotografias, fotografias performadas e documentações. misturo então as fotografias performadas à estes objetos de coleta, na intenção de trazer valentina como algo real, evidências físicas de sua existência.

mostrar estes objetos coletados é como abrir a própria casa sabendo que existem ali rastros e coisas e sentimentos tão íntimos e que agora estarão expostos. exponho as evidências cuidadosamente separadas em envelopes e espécies de vitrines que sugerem ao espectador aproximar-se e o possibilitam descobrir meu pequeno tesouro, tento oferecer-lhes a experiência que é buscar valentina.

me vejo continuamente neste jogo de aproximação e distanciamento e inclusive habitando o mundo destas formas alternadas, o meu mundo e o dela. por momentos tenho que chegar tão perto de valentina que não poderia distinguir quem é ela e quem sou eu, e em seguida afastar-me, impor certa distância entre nós para que me seja possível coletar, separar e construir estas evidências.

este desdobramento do projeto valentina flores resulta em uma espécie de inventário destas evidências, e em inúmeros espaços em branco.