arquivo público, 2022
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cômodo 4 - clímax
ele me diz que uma boa cena de terror é composta por dois elementos: 1) uma tensão crescente e 2) um susto e no texto a construção desta cena é detalhada com palavras e no filme o vídeo e o áudio constroem esta atmosfera e o áudio é um grande elemento do terror ele anda junto com o susto e lendo sobre estruturas de contos de terror eu cheguei no clímax que é este momento que estamos agora o clímax é quando a narrativa alcança o ponto máximo de tensão é o ponto culminante do conflito que acabou de ser desenvolvido o momento mais difícil no percurso da heroína ou a crise mais iminente da protagonista o clímax é o ponto crucial do conflito onde não se sabe para que lado a história penderá isto daqui é o clímax de um conto que não é de terror e se isso não é um conto de terror talvez não precisaria nem ter um clímax mas acontece que tem e chegamos nele então algo precisa ser dito algo sempre precisa ser dito ele me diz que o clímax começa no meio do terceiro ato em alguma história e deve terminar logo antes de uma ou duas cenas finais neste caso só temos mais uma cena neste conto que é o cômodo 5 conhecido também como desfecho e o desfecho é a parte em que um problema apresentado ou um momento difícil ou uma situação complicada passa a ter uma resolução neste conto todos os momentos são complicados porque se não fossem não haveria conto se a janela do segundo andar da casa burghardt não tivesse aberto com o vento este conto não existiria e a janela abriu não só porque no sul venta forte mas porque no sul a forma como se tratam prédios públicos é um conto de terror aqui os prédios anoitecem mas não amanhecem e isso sim é um conto de terror esse prédio tem amanhecido nos últimos anos com uma promessa de restauro que nunca acontece desde que eu entrei neste prédio-casa-burghardt eu ouço que será restaurada e isso sim é um conto de terror este ano esta casa não abriu e já se passaram dois anos desde que a janela do segundo andar abriu e eu fechei e quando isso aconteceu eu escrevi um texto que se chamava isso não é um conto de terror ou às vezes a janela da casa burghardt fica aberta e narrava o trajeto interrompido pela janela da casa burghardt aberta o texto era o que agora é o desenvolvimento do conflito e um ano depois ele foi pensado para ser lido da janela do segundo andar da casa burghardt na abertura da minha primeira exposição individual que seria lá mas neste mesmo ano um ano depois deste texto ser escrito este corpo que escreveu e que leria o texto do segundo andar da casa burghardt foi impedido de estar naquele prédio porque a casa foi fechada para um restauro que não aconteceu depois foi pensado para ser um vídeo que também não aconteceu e agora ele toma essa forma que você lê agora já se passaram cinco anos desde que ouvi que a casa seria restaurada pela primeira vez e não foi já se passaram cento e vinte desde a sua construção o climax é este que eu conto agora se isto fosse um filme e talvez realmente seja mas se fosse mesmo um filme o clímax seria a casa vista de fora com três de suas janelas do segundo andar fechadas exceto uma janela a segunda do segundo andar da esquerda pra direita esta janela estaria aberta e um corpo vestindo uma camiseta do green day leria este texto mas isto não é um conto de terror muito menos um filme de terror então nada disso existe ao mesmo tempo que tudo que foi dito existe e foi dito
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